Califórnia foi o nosso destino e o verão americano
estava terrível, com média de 39 ˚C, mas a impressão é que estava bem
mais quente. O teste aconteceu em Adelanto, na pista de Racetown 395 que
fica um pouco mais de uma hora e meia de Los Angeles, e por volta das 8
horas. Mais quatro pilotos também iriam testar as motocicletas, dois de
nível profissional, um intermediário e um novato. As fábricas enviaram
seus furgões com as motocicletas e mecânicos, sendo que a Suzuki enviou
quatro funcionários, e eram os mais detalhistas, anotando tudo sobre
cada piloto.
A pista era longa, quase três minutos a volta, com
um terreno quase arenoso e grandes saltos, alguns bem-grandes. Seria um
dia cansativo, pois tinha que avaliar cinco modelos: a Honda CRF 250R, a
Kawasaki KX 250F, a Suzuki RM-Z 250, a Yamaha YZ 250F e a KTM 250 SX-F -
todas 2013.
Como vocês sabem, a moto que mais apresentou
mudanças foi a da Kawasaki, com novo chassi, plásticos/visual, motor,
incluindo os três plugues (standard, soft e hard, como na 450cc), e
depois a KTM, com mudanças no chassi e motor. A Suzuki trazia a nova
suspensão SSF, semelhante a Kawasaki 250F, de um lado mola e do outro,
óleo. Os modelos da Honda e Yamaha são praticamente os mesmos deste ano,
com poucas mudanças.

"Diferente dos outros pilotos, inicialmente
precisei conhecer a longa pista. Não foi fácil, mas todos os obstáculos
eram bem-feitos e rapidamente me acostumei com ela, apesar de ter os
braços travados ainda no primeiro treino, que foi com a Suzuki. Depois
andei com a Kawasaki, Honda, KTM e Yamaha.
Passamos o dia andando com os modelos e, em alguns
momentos, retornava para o box da marca para realizar algum acerto na
suspensão. Os mecânicos eram muito prestativos, sempre preocupados se
tudo estava certo, se o acerto havia ficado bom - realmente me senti
muito à vontade. Por volta das 16 horas já estava esgotado, como os
demais, e terminamos nosso trabalho. Passei a anotar minhas impressões
para preparar este comparativo e decidir que seria a grande vencedora.
Então, antes de falar sobre qual a posição de cada modelo, vou tentar
resumir o comportamento e desempenho de cada motocicleta.
Quem venceu a batalha?
No caso da Suzuki, gostei muito do seu desempenho,
ela é muito fácil de se pilotar, e tem um motor forte e progressivo,
trabalhando bem em todas as rotações. Sua frente realmente gruda no
chão. A nova suspensão trabalhou muito bem, dando muito confiança na
pilotagem e copiando muito bem os buracos, além de firme nas frenagens e
perfeita nos saltos, mesmo quando “zerava” algum. E nas entradas de
curva, ela é perfeita. Ela é ágil e você a coloca onde quiser,
respondendo perfeitamente aos comandos. Foi muito fácil me acostumar com
a sua tocada, me senti confortável e muito confiante. Os freios também
me impressionaram. Já tinha ouvido falar da suas qualidades, e pude
constatar que a motocicleta é muito boa.
Montando na Kawasaki, percebi que ela mudou e ficou
mais estreita, e já nas primeiras voltas senti que seu motor é forte,
talvez mais forte que o da Suzuki, com uma entrega mais brusca e,
principalmente, com a alta bem-forte. Apesar de ser mais estreita, não a
achei tão ágil como a Suzuki, mesmo assim tem boa maneabilidade e as
suspensões funcionaram a contento, um pouco inferior à Suzuki, mas foram
bem. O comportamento dos freios também é semelhante ao da sua
concorrente amarela.
Tenho uma CRF 250R, mas este novo modelo da Honda
se mostrou mais rápido. O motor está mais forte, não tanto como os
modelos da Suzuki e Kawasaki, mas com muita potência. O conjunto das
suspensões funcionou bem, mas não está entre os melhores; enquanto os
freios continuam borrachudos, item que poderia ter sido melhorado.
A YZ 250F é a mais fina, você sente isso quando
monta nela, e andando dá a impressão de ser mais leve, bem-leve mesmo. A
suspensão deu a impressão de ser mais dura, mas com funcionamento muito
próximo das demais. Ela se mostrou também muito ágil, não tanto quanto a
Suzuki, mas sua maneabilidade é interessante. Quando ao motor, a Yamaha
se mostrou com uma entrega de potência mais impactante, talvez por
utilizar o tradicional carburador, enquanto as demais trabalham mais
progressivamente. No entanto, a baixa poderia ser melhor. E os freios
são bons, melhores que os da Honda. Inclusive, aproveitei um momento de
acerto da YZF e perguntei ao mecânico da fábrica se ele tinha alguma
informação sobre a utilização da injeção eletrônica, e ele disse: “Não
tenho ideia, eles não comentam, mas espero que seja em breve”, brincou.
A última motocicleta a ser testada foi a KTM que,
como disse, trouxe novidades para seu modelo 2013, com motor e chassi
novos; e como já tinha andando no modelo anterior, poderia analisar bem o
seu comportamento. Ainda mantém o chassi de ferro - as concorrentes
utilizam o alumínio -, mas dá a impressão de ser mais rígida, não que
não seja maleável, mas a pareceu a mais “quadrada” de todas. O motor
trabalha diferente, com muita força de média e alta, faltando baixa, mas
poderia ser mais progressivo. Achei a suspensão bem-firme e os freios
funcionaram perfeitamente, o melhor de todos. Quanto à suspensão, como
na Honda e Yamaha, ela mantém o sistema tradicional, com mola e óleo nas
duas bengalas, e funciona bem, firme, mas tive que realizar mais
ajustes que nas demais.

Aproveitei para conversar com os outros pilotos,
para ver se minhas impressões batiam com as deles, e as opiniões forma
semelhantes. Bom, acho que vocês devem estar curiosos em saber para qual
vou classificar em primeiro lugar. E só pra aumentar a expectativa,
aquele mistério, vou passar a lista de trás para frente.
Deixo a KTM no quinto lugar. É uma boa motocicleta,
mas o motor poderia ser mais progressivo. Na quarta posição coloco a
Yamaha, apesar de ser leve e do seu forte motor. Acredito que a hora de
ter a injeção eletrônica já passou, quem sabe em 2014? Na terceira
posição deixo a Honda, não que ela não seja boa, mas não trouxe grandes
mudanças. Ela possui uma boa maneabilidade, um motor forte e
progressivo, mas não seria justo com o avanço das duas primeiras
colocadas.
Foi difícil decidir quem ficou no segundo posto,
pois tanto a Kawasaki como a Suzuki têm desempenhos muito próximos, seja
na dirigibilidade, motor, suspensão e comportamento, mas tenho que
escolher um modelo na primeira posição, apesar que ambas poderiam levar a
placa de número um, que por uma vantagem pequena fica com a Suzuki. A
RM-Z me impressionou muito, com sua maneabilidade exemplar, motor forte,
progressivo e de respostas rápidas; e nova suspensão que funciona
perfeitamente. Isso mesmo, o pacote oferecido foi um pouco melhor que o
da Kawasaki, que acabou ficando com o segundo posto.

A seguir, montamos um quadro com alguns itens
comparativos, para saber quem se comportou melhor em cada um. Mas, como
costumamos dizer na maioria dos testes, qualquer modelo que você
adquirir, vai ter em suas mãos uma grande motocicleta, pois os
engenheiros trazem a cada ano qualidade e tecnologias incríveis,
tornando essas máquinas maravilhosas." finalizou Lima.
Quadro comparativo
Visual Kawasaki/Suzuki/Honda/KTM/Yamaha
Motor Suzuki/Kawasaki/Honda/KTM/Yamaha
Suspensão Suzuki/Kawasaki/Honda/Yamaha/KTM
Posicionamento Suzuki/Honda/Kawasaki/Yamaha/KTM
Dirigibilidade Suzuki/Kawasaki/Honda/Yamaha/KTM
Resultado
1-Suzuki RM-Z 250
2-Kawasaki KX 250F
3-Honda CRF 250R
4-Yamaha YZ 250F
5-KTM 250 SX-F
0 comentários:
Postar um comentário