quinta-feira, 8 de novembro de 2012

SUPERTESTE 250cc 2013

Califórnia foi o nosso destino e o verão americano estava terrível, com média de 39 ˚C, mas a impressão é que estava bem mais quente. O teste aconteceu em Adelanto, na pista de Racetown 395 que fica um pouco mais de uma hora e meia de Los Angeles, e por volta das 8 horas. Mais quatro pilotos também iriam testar as motocicletas, dois de nível profissional, um intermediário e um novato. As fábricas enviaram seus furgões com as motocicletas e mecânicos, sendo que a Suzuki enviou quatro funcionários, e eram os mais detalhistas, anotando tudo sobre cada piloto.

A pista era longa, quase três minutos a volta, com um terreno quase arenoso e grandes saltos, alguns bem-grandes. Seria um dia cansativo, pois tinha que avaliar cinco modelos: a Honda CRF 250R, a Kawasaki KX 250F, a Suzuki RM-Z 250, a Yamaha YZ 250F e a KTM 250 SX-F - todas 2013.

Como vocês sabem, a moto que mais apresentou mudanças foi a da Kawasaki, com novo chassi, plásticos/visual, motor, incluindo os três plugues (standard, soft e hard, como na 450cc), e depois a KTM, com mudanças no chassi e motor. A Suzuki trazia a nova suspensão SSF, semelhante a Kawasaki 250F, de um lado mola e do outro, óleo. Os modelos da Honda e Yamaha são praticamente os mesmos deste ano, com poucas mudanças.

Depois das apresentações, nosso piloto de teste vestiu o equipamento e acertamos quando cada piloto iria utilizar os modelos disponíveis; e assim que o piloto se apresentava, o mecânico da fábrica realizava os ajustes particulares dos comandos, SAG e suspensão. Portanto, a cada troca de motocicleta eram realizadas mudanças para o estilo e preferência de pilotagem. Acompanhe a impressão e o julgamento do Guilherme Lima sobre os novos modelos:


"Diferente dos outros pilotos, inicialmente precisei conhecer a longa pista. Não foi fácil, mas todos os obstáculos eram bem-feitos e rapidamente me acostumei com ela, apesar de ter os braços travados ainda no primeiro treino, que foi com a Suzuki. Depois andei com a Kawasaki, Honda, KTM e Yamaha.

Passamos o dia andando com os modelos e, em alguns momentos, retornava para o box da marca para realizar algum acerto na suspensão. Os mecânicos eram muito prestativos, sempre preocupados se tudo estava certo, se o acerto havia ficado bom - realmente me senti muito à vontade. Por volta das 16 horas já estava esgotado, como os demais, e terminamos nosso trabalho. Passei a anotar minhas impressões para preparar este comparativo e decidir que seria a grande vencedora. Então, antes de falar sobre qual a posição de cada modelo, vou tentar resumir o comportamento e desempenho de cada motocicleta.

Quem venceu a batalha?

No caso da Suzuki, gostei muito do seu desempenho, ela é muito fácil de se pilotar, e tem um motor forte e progressivo, trabalhando bem em todas as rotações. Sua frente realmente gruda no chão. A nova suspensão trabalhou muito bem, dando muito confiança na pilotagem e copiando muito bem os buracos, além de firme nas frenagens e perfeita nos saltos, mesmo quando “zerava” algum. E nas entradas de curva, ela é perfeita. Ela é ágil e você a coloca onde quiser, respondendo perfeitamente aos comandos. Foi muito fácil me acostumar com a sua tocada, me senti confortável e muito confiante. Os freios também me impressionaram. Já tinha ouvido falar da suas qualidades, e pude constatar que a motocicleta é muito boa.

Montando na Kawasaki, percebi que ela mudou e ficou mais estreita, e já nas primeiras voltas senti que seu motor é forte, talvez mais forte que o da Suzuki, com uma entrega mais brusca e, principalmente, com a alta bem-forte. Apesar de ser mais estreita, não a achei tão ágil como a Suzuki, mesmo assim tem boa maneabilidade e as suspensões funcionaram a contento, um pouco inferior à Suzuki, mas foram bem. O comportamento dos freios também é semelhante ao da sua concorrente amarela.


Tenho uma CRF 250R, mas este novo modelo da Honda se mostrou mais rápido. O motor está mais forte, não tanto como os modelos da Suzuki e Kawasaki, mas com muita potência. O conjunto das suspensões funcionou bem, mas não está entre os melhores; enquanto os freios continuam borrachudos, item que poderia ter sido melhorado.

A YZ 250F é a mais fina, você sente isso quando monta nela, e andando dá a impressão de ser mais leve, bem-leve mesmo. A suspensão deu a impressão de ser mais dura, mas com funcionamento muito próximo das demais. Ela se mostrou também muito ágil, não tanto quanto a Suzuki, mas sua maneabilidade é interessante. Quando ao motor, a Yamaha se mostrou com uma entrega de potência mais impactante, talvez por utilizar o tradicional carburador, enquanto as demais trabalham mais progressivamente. No entanto, a baixa poderia ser melhor. E os freios são bons, melhores que os da Honda. Inclusive, aproveitei um momento de acerto da YZF e perguntei ao mecânico da fábrica se ele tinha alguma informação sobre a utilização da injeção eletrônica, e ele disse: “Não tenho ideia, eles não comentam, mas espero que seja em breve”, brincou.

A última motocicleta a ser testada foi a KTM que, como disse, trouxe novidades para seu modelo 2013, com motor e chassi novos; e como já tinha andando no modelo anterior, poderia analisar bem o seu comportamento. Ainda mantém o chassi de ferro - as concorrentes utilizam o alumínio -, mas dá a impressão de ser mais rígida, não que não seja maleável, mas a pareceu a mais “quadrada” de todas. O motor trabalha diferente, com muita força de média e alta, faltando baixa, mas poderia ser mais progressivo. Achei a suspensão bem-firme e os freios funcionaram perfeitamente, o melhor de todos. Quanto à suspensão, como na Honda e Yamaha, ela mantém o sistema tradicional, com mola e óleo nas duas bengalas, e funciona bem, firme, mas tive que realizar mais ajustes que nas demais.

Realizei outros treinos com os modelos, para tirar alguma dúvida ou confirmar alguma impressão. Foi um teste intenso e exigiu demais do preparo físico. Para se ter uma ideia, fazia muito tempo que não ficava com bolhas nas mãos e dedos, que apareceram no final do dia, e algumas grandes. Tudo bem, valeu cada calo e cada bolha. Foi uma experiência única e de uma forma muito profissional. O pessoal das fábricas foi muito cordial, profissional e atencioso, nunca fui tão bem-recebido e atendido, sempre preocupados em realizar o que fosse preciso para me sentir confortável em suas motocicletas.  Todos trabalharam muito, num clima de muito profissionalismo, mas de uma forma cordial e atenciosa.

Aproveitei para conversar com os outros pilotos, para ver se minhas impressões batiam com as deles, e as opiniões forma semelhantes. Bom, acho que vocês devem estar curiosos em saber para qual vou classificar em primeiro lugar. E só pra aumentar a expectativa, aquele mistério, vou passar a lista de trás para frente.

Deixo a KTM no quinto lugar. É uma boa motocicleta, mas o motor poderia ser mais progressivo. Na quarta posição coloco a Yamaha, apesar de ser leve e do seu forte motor. Acredito que a hora de ter a injeção eletrônica já passou, quem sabe em 2014? Na terceira posição deixo a Honda, não que ela não seja boa, mas não trouxe grandes mudanças. Ela possui uma boa maneabilidade, um motor forte e progressivo, mas não seria justo com o avanço das duas primeiras colocadas.

Foi difícil decidir quem ficou no segundo posto, pois tanto a Kawasaki como a Suzuki têm desempenhos muito próximos, seja na dirigibilidade, motor, suspensão e comportamento, mas tenho que escolher um modelo na primeira posição, apesar que ambas poderiam levar a placa de número um, que por uma vantagem pequena fica com a Suzuki. A RM-Z me impressionou muito, com sua maneabilidade exemplar, motor forte, progressivo e de respostas rápidas; e nova suspensão que funciona perfeitamente. Isso mesmo, o pacote oferecido foi um pouco melhor que o da Kawasaki, que acabou ficando com o segundo posto.


Talvez agora eu entenda por que James Stewart brigou tanto para andar de Suzuki, que no caso trata-se de uma 450cc, mas os comentários sobre esse modelo sempre foram incríveis. Claro que sei que o gosto por determinada marca tem grande influência na hora da escolha do modelo a comprar e que no Brasil a diferença de preço é substancial. No ano passado, no Brasil, a Honda tinha o menor preço, em torno dos 28 mil reais, enquanto a Yamaha e Kawasaki giravam entre 29 e 30 mil reais, e a KTM custava acima disso. Já a Suzuki não ofereceu seus modelos off-road no mercado nacional, mas espero que com o sucesso que eles vêm fazendo pelo mundo, a marca mude de ideia e traga algumas unidades para os apreciadores da marca. Vale lembrar que, em virtude da elevação do dólar e do aumento dos impostos que atingiram as motocicletas de 250cc, os preços dos modelos 2013 estarão mais caros. Inclusive, a Kawasaki Brasil foi a mais rápida e já disponibilizou suas motocicletas 2013 desta cilindrada. Então, corra, porque são poucas unidades.

A seguir, montamos um quadro com alguns itens comparativos, para saber quem se comportou melhor em cada um. Mas, como costumamos dizer na maioria dos testes, qualquer modelo que você adquirir, vai ter em suas mãos uma grande motocicleta, pois os engenheiros trazem a cada ano qualidade e tecnologias incríveis, tornando essas máquinas maravilhosas." finalizou Lima.


Quadro comparativo

Visual                  Kawasaki/Suzuki/Honda/KTM/Yamaha

Motor                  Suzuki/Kawasaki/Honda/KTM/Yamaha

Suspensão                  Suzuki/Kawasaki/Honda/Yamaha/KTM

Posicionamento                  Suzuki/Honda/Kawasaki/Yamaha/KTM


Dirigibilidade                  Suzuki/Kawasaki/Honda/Yamaha/KTM


Resultado

1-Suzuki RM-Z 250

2-Kawasaki KX 250F

3-Honda CRF 250R

4-Yamaha YZ 250F

5-KTM 250 SX-F

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