quarta-feira, 2 de maio de 2012

O Japonês está de volta!

Ele é um dos maiores ídolos que o motocross brasileiro já teve e foi um dos responsáveis pela era de ouro do esporte no Brasil, mas desde que sofreu um grave acidente há sete anos que o deixou em coma por dez dias, que ele não é visto em uma pista de motocross acelerando forte, se bem que vontade para isso nunca lhe faltou.

Na tentativa de voltar a competir, ele até mesmo chegou a aventurar-se no início deste ano no enduro e chegou a participar de uma etapa da Copa Pacato EFX, mas preferiu não dar prosseguimento à empreitada. “Devido ao problemas que resultaram do acidente, fiquei com um déficit de memória imediata que me impedia de gravar o circuito na mente e com isso, eu não conseguia memorizar a primeira volta de reconhecimento e na hora de acelerar pra valer na volta seguinte, isso acabava ficando perigoso”, revelou em um outro diálogo que tivemos com o piloto há cerca de um mês e meio atrás, na pista da ASW. “Além disso, minha família ficava muito receosa, pois em caso de acidente, o resgate poderia demorar devido ao fato de ser feito em quadriciclos e por fim, vi que o enduro não seria algo que pudesse ser rentável para mim, já que hoje no Brasil, apenas uma pequena minoria consegue praticá-lo sem por a mão no bolso”, sentencia.

Mas depois desta tentativa inicial, agora o Japonês voador anuncia que estará de volta às pistas, desta vez, para competir no Arena Cross, onde acaba de assinar um contrato para disputar a temporada 2012, que começa dia 4 de agosto, em Ribeirão Preto (SP). “Estou super motivado a voltar a andar no Arena Cross, competição onde considero possuir mestrado, pois já conquistei seis vezes o título desta prova”, sacramenta.
Segundo o próprio Eduardo Saçaki, um dos motivos principais que o fizeram sentir-se seguro e impulsionado a voltar a andar numa pista com saltos, foi uma breve experiência que teve em um dia que estivemos reunidos na pista de motocross da Fazenda da ASW, em Mogi das Cruzes.

“Naquele dia que peguei a CRF 250X e dei uns saltos senti que estava novamente confiante em voltar a andar, então, a partir daquele dia, comecei a me planejar para voltar a correr”, revela.

Mas como será que ele lida com a questão da idade, afinal de contas, a maioria absoluta de seus futuros adversários tem pelo menos a metade dos 43 anos que ele completará agora em maio. “Eu conheço o meu físico; conheço tudo o que tive de fazer ao longo de três anos para conseguir a voltar a andar a pé e conheço tudo o que fiz de treinamento para voltar a andar de moto. Sei também que, apesar de estar para completar 43 anos de idade agora em maio, a idade de meu corpo não é a mesma que a minha cronológica, pois sou de uma família oriental, onde os cuidados com a alimentação e com a disciplina sempre foram muito enfatizados e isso tudo somado, me oferece condições de ser competitivo no Arena Cross. Claro que se eu fosse competir com eles em um prova de motocross, eu não conseguiria acompanhá-los, mas em uma prova curta como é o Arena, tenham certeza de que vou dar trabalho”, avalia.


Eduardo Saçaki acredita que sua volta ao Arena Cross será importante para o esporte, afinal, ele enxerga que atualmente, há uma falta de ídolos no esporte devido à incapacidade de pilotos e equipes em lidar adequadamente com o público. “eu sempre soube me relacionar bem com o público e creio que isso foi fundamental no fato de ser quem eu sou hoje. Não existe quem não curta moto no Brasil que não saiba que é o Japonês Voador. Sempre me preocupei em entregar um boné, em dar um autógrafo, em tirar uma foto ao lado de um fã, de conversar com eles nos boxes e hoje, isso está meio esquecido. Não existe esporte sem público, sem fãs e depois que comecei a colocar no meu Facebook que iria voltar a andar, muita gente veio me parabenizar e dizer que voltaria a assistir uma corrida”, revela. “E sei que isso será importante para o Carlinhos Romagnolli também, pois com a minha volta, mais pessoas prestigiarão o evento”.

Apesar de todo seu empenho e de tudo que representa para a história do esporte no Brasil, Saçaki, por incrível que pareça, ainda está sem moto para competir. “De todas as conversações que tive até agora, nenhuma fábrica se mostrou interessada em me fornecer uma moto para correr, mas isso não será problema para mim, pois mesmo que não consiga uma moto, pegarei uma emprestada e dia 4 de agosto estarei lá na largada, pronto para fazer o meu papel”, profetiza.

“Existem pessoas que já não acreditam no meu potencial, dizem que estou velho e perguntam o que estou querendo fazer dentro de uma pista cheia de molecada, mas é o que sei e gosto de fazer e se estou me sentindo bem e confiante, acho que devo fazer isso por mim e por meus fãs”. Este é o Japonês Voador, que nos dará, mais uma vez, o prazer de vê-lo voando alto pelas pistas.

Fonte: Revista Pro Moto

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